Meu maior ato de amor
Eu poderia ter ficado. Poderia ter ignorado os sinais, me convencido de que tudo iria mudar, de que era só uma fase, de que amar significava insistir até o último fio de esperança. Poderia ter me agarrado à ilusão de que, se eu amasse o suficiente, se eu tivesse mais paciência, mais compreensão, mais tolerância, tudo se ajeitaria.
Mas o amor que eu sentia por você nunca foi o problema. O problema era que amar você significava, pouco a pouco, deixar de amar a mim mesma.
Então eu fui.
Fui, não porque eu queria, mas porque eu precisava. Porque minha vontade era ficar, mas minha sanidade implorava para ir. Porque eu sabia que, se eu não fosse por mim, ninguém mais iria. Porque continuar significava me perder, e eu já tinha me perdido demais tentando te encontrar.
Sair foi um ato de amor. Um amor por mim que demorou a nascer, que quase não sobreviveu, que eu precisei aprender a cultivar após passar tanto tempo cuidando apenas do seu. Sair foi a decisão mais difícil, porque tudo dentro de mim gritava para voltar. Mas o que me fez seguir em frente foi entender que amor, de verdade, não deveria doer tanto.
E então, quando a poeira baixou e o silêncio me fez companhia, eu entendi a verdade que por tanto tempo eu quis evitar: eu nunca amei você de fato. Eu amei a ideia de ser amada. A verdade é que toda mulher deseja ser mais amada do que amar, e eu não fui exceção. Eu queria ser escolhida, desejada, querida, e confundi isso com amor. Mas amor de verdade não é medo de ir embora. O que eu sentia não era amor, era comodismo. Era o pavor do vazio, era a crença errada de que qualquer coisa era melhor do que nada.
E, pela primeira vez, ao invés de perguntar se você sentiria minha falta, eu me perguntei se eu sentiria falta de quem eu era ao seu lado. A resposta foi clara. Eu já não me reconhecia.
Hoje, sei que partir foi a coisa mais bonita que fiz por mim. Porque tentar amá-lo e querer ser amada nunca deveria ter me custado tanto.